2009/02/24

Timber Timbre

A fina linha traçada por Taylor Kirk é de tal maneira aprazível, que o resultado do seu trabalho é uma sublime paisagem desenhada a carvão, um pequeno cosmos, um minúsculo mundo pintado a preto e branco, onde a eficácia da sua música, responde através de uma banal equação, em que os dois factores fundamentais são o tradicional e a simplicidade.
Um canadiano a cantar blues desta forma tão intensa, não é certamente uma coisa comum, mas a verdade é que Taylor Kirk liberta o seu lado espiritual, conjugando-a com exactidão com a vertente folk de cariz terrena, desta química musical surge um ambiente onde o religioso e pagão se cruzam, sem nunca se tocarem.
A abertura de Timber Timbre é feita com “Demon Host“ onde um energético piano vai descobrindo os diversos panoramas circundantes; “Lay Down In The Tall Grass” percorre o mesmo caminho de quem sofreu as amarguras de uma vida dura, caminho esse feito de dificuldades e dores múltiplas, mas onde a esperança é um farol que ilumina cada um dos nossos passos; “I Get Low” é uma ladainha acompanhada por um longínquo órgão, numa sequência trágico/magica; Com “Trouble Comes Knocking” Kirk demonstra todo o seu enorme potencial artístico, é o tema onde melhor veste a roupa de blues-man, vestimenta essa que lhe serve na perfeição.
Timber Timbre é fortemente cinematográfico, cria climas musicais onde facilmente se edificam paisagens rurais, usa para isso um hipnotismo muito próprio, centrado na voz e na forma arrastada como trata todos os instrumentos. Taylor Kirk é um nome a tomar em consideração para o futuro.

Momento Mágico: Trouble Comes Knocking


Timber TimbreTimber Timbre (2009) – Out Of This Spark


Timber Timbre (site) & MySpace


2009/02/13

It Hugs Back

Aprendizes

Os Sonic Youth sai uma escola de vida, melhor ainda, os Sonic Youth são uma verdadeira instituição norte-americana de música, nasceram e cresceram a destilar o verdadeiro american way of life, dentro da musica independente. Ao longo deste já longo período, tal e qual um cometa foram deixando um longo rasto de luz, e como qualquer astro celeste foram influenciando uma imensidão de gente. Os It Hugs Back apesar de serem uma banda inglesa, fazem parte desse universo indie depressivo, um mundo de guitarras arrastadas, vozes sussurrantes e descompressão rítmica. A banda de Kent liderada por Matthew Simms desde da sua fundação, corria então o ano de 2006, tem lançado ao longo dos últimos anos diversos singles, na qual foram mantendo uma linha estética bastante uniforme. Com a chegada de 2009, surge então o primeiro álbum, que foi editado pela enorme 4AD, o que fará com que a visibilidade (bem como a responsabilidade) dos It Hugs Back seja de valor acrescentado.
Nos primeiros acordes de Inside Your Guitar, ouve-se “Q” um tema liberto de esperança romântica arrastando ao seu redor um agradável aroma a Jesus & Mary Chain; “Work Day” é uma canção pop-rock perfeita, vozes e instrumentalização impecáveis, um requinte de tema; com “Remenber” mostram o seu lado melancólico, um ritual quase nocturno, um autêntico oceano pacífico. Uma banda a seguir com imensa atenção.

Momento Mágico: Back Down


It Hugs BackInside Your Guitar (2009) – 4AD


It Hugs Back (site) & MySpace


2009/02/05

Odawas

Terrenos

The Blue Depths apresenta uns Odawas, numa índole substancialmente mais terrena, onde o ambiente presa pela segurança e pelo conforto. Até aqui tínhamos conhecido uns Odawas dentro do post-rock experimental, ondulados aqui e ali por algumas marés de rock sinfónico. Com a edição do 3º álbum a banda de Bloomington (Indiana), surge na paisagem pop uma atmosfera mais cristalina e mais brilhante. Com o nascer dessa nova inclinação estética, surge tambem a vertente romatica, que apesar de não ser completamente desconhecida, se encontrava bem camuflada.
Os Odawas caminharam em direcção ao planeta pop, sem deixarem descurar o ambientes mais sombrios, daqui resulta por um lado um piscar de olhos a uns Band Of Horses no que concerne a estrutura vocal, enquanto que a motivação instrumental continua o lo-fi folk de uns Iron & Wine a marcar pontos. A estrutura marcadamente melancólica deixa um suave rasto a solidão, ouça-se “Moonlight/Twilight” onde a harmónica marca um grito de animal moribundo ou então acordem (e planem) ao som de “Swan Song Of The Humpback Angler”.
The Blue Depths mostra uns Odawas mais acessíveis, mais abertos, deixaram de lado a sua obscuridade e apresentam-se com o coração nas mãos. Estamos assim perante uma banda mais sociável e substancialmente mais afável, é o efeito pop a dar o ar da sua graça.
Os Odawas propõem como preparação, para The Blue Depths 10 discos magníficos, acompanhados com o um pequeno texto explicativo – VER AQUI.

Momento Mágico: Secrets Of The Fall


OdawasThe Blue Depths (2009) – Jagjaguwar


Odawas (site) & MySpace