2006/10/29

Snowden

Do Contra?

A particularidade da voz de Jordan Jejuares (que por vezes, parece ter sido colorada de Julian Casablanca – vocalista dos Strokes), reflecte ao mesmo tempo desespero e esperança. Canta como se o dia de hoje, fosse o ultimo e transmitindo ainda assim confiança no dia de amanhã.
Os sons que se ouvem de “Anti-Anti”, é pós-punk com uma pitadinha de “shoegazing” eléctrico, há guitarras que soam a My Blood Valentine, há vozes vizinhas de Arcade Fire e há o rock de Art Brut e de Interpol. Sendo que a comparação com estes últimos é inevitável, apesar da diferença de qualidade.
A energia da bateria, é um convite imediato a um leve bater de pé, as guitarras hipnóticas fazem abanar a cabeça, de forma ritmada, enfim é uma subtil chamada ao rock-dance.
Um jovial disco de estreia.

Momento Mágico: "Like Bullets"


Snowden – “Anti-Anti” (2006) – Jade-Tree

2006/10/28

Camera Obscura (Concerto)

COIMBRA - TAGV - 2006/10/26 - 21:30



2006/10/24

Pajo

Simplicidade

É possível compor, tocar, cantar (e encantar) de forma simples?
Será necessário, estar constantemente a carregar os discos, de altas e caras produções?
As respostas encontram-se no novo álbum de (David) Pajo e nem é preciso ser grande especialista para o reconhecer.
Pajo usou toda a sua argúcia e capacidade criativa e deu à luz um disco introspectivo, penetrante e delicado, onde o típico som americano está presente, mas sem afirmar especificamente o seu género.
Num passado recente, passou e colaborou com inúmeros projectos (Tortoise; Arial M; Zwan) e são essas experiências que o vão enriquecendo e amadurecendo, tornando-o num músico de grande sensibilidade.
Usando as palavras dele “God bless the day I find you…”

Momento Mágico: "Let It Be Me"


Pajo
– “1968 (2006) – Drag City

2006/10/21

Peter Von Poehl

Algures na Floresta

Senhores e Senhoras Peter Von Poehl.
O objectivo a que se propôs é conseguido com naturalidade, destreza e sangue na guelra, sons simples e produção requintada, tudo isto servido numa travessa folk-pop, acompanhado de uma bateria singela, de dedilhados de guitarra opaca e de um saxofone planante.
No eléctrico-acustico das suas composições, vive uma alegria imensa, um desespero intenso, uma necessidade gritar ao vento “eu estou aqui, ouçam-me”.
"Going To Where The Tea Trees Are" é o primeiro (de muitos, espero) álbum deste viking nórdico nascido sueco. As suas baladas à "la Air são um convite à fuga, um convite à nostalgia, carregam nos ombros doses maciças de desencantamento, Peter Von Poehl usa a sua capacidade vocal para embelezar o mundo à sua volta, ao fazê-lo cria um universo pacifico e generoso.

Momento Mágico: “The Story Of The Impossible”

Peter Von Poehl – “Going To Where The Tea Trees Are” (2006) - Tôt ou Tard

2006/10/18

Myslovitz

Pop de Leste

O que esperar de uma banda polaca? Sim, da Polónia e a cantar em polonês (como dizem os brasileiros). Podemos esperar, sem qualquer problema uma banda perfeitamente pop, modesta e despretensiosa.

Não me parece, que queiram atingir qualquer objectivo, porque se esse fosse o seu destino, usariam o subterfúgio de todas as outras e cantariam em inglês. Como resultado conseguem, criar um disco cheio de óptimas canções e se calhar até carregado de boas letras (isto se eu as entendesse).
De qualquer forma, a formula resulta e a banda (fundada já há alguns anos - 1992), consegue prender a nossa atenção até ao final do disco, e encontrando-se aqui e ali alguns excelentes momentos.

Momento Mágico
: "Nocnym Pociagiem Az Do Konca Swiata"



Myslovitz - "Happiness Is Easy" - (2006) - EMI Music Poland


2006/10/14

Vincent Delerm

Le Garçon
Ao terceiro álbum a confirmação.
Na linha da mais pura "chanson francaise" e depois da obra (para mim prima "Kensington Square") Vincent Delerm já não supreende, antes confirma.
É um excelente cantor, dono de uma voz intensa e dramática e um compositor carregado de subtileza, conseguindo criar verdadeiras pérolas pop, mas sempre sem sair da forma clássica, de que muitos dos autores franceses nos habituaram.
Nostalgia e melancolia (e ironia - ouvir o single "Sous Les Avalanches") são os alicerces deste novo registo, gravado algures num bosque na Suécia, com ajuda do musico sueco Peter Von Poehl, e que em conjunto, conseguiram dar a quase todos os temas um aspecto cinematográfico, como se cada um das canções fossem pequenas curtas-metragens, pequenas paisagens musicadas.
O efeito final é elegante e repleto de classe, á boa moda francesa, é um disco fino e lindíssimo.
Disco francês do ano.

Momento Mágico
: "Les Jambes De Steffi Graf"


Vincent Delerm - "Les Piqures d'Araignée" (2006) - Tot Ou Tard

2006/10/11

Oakley Hall

Trans-Country

Vou classificar isto de "strange americana", isto porque parece quase, mas não chega a ser. É demasiado às cores, para ser americana, mas também não chega a ser psicadélico, apesar de tentar. É trans-americana ou melhor é country transvestido de rock.
Formado por um ex-Oneida e agora editados pela Jagjaguwar, tem de se esperar um som típico e carregado de guitarras (aliás este álbum é exemplar nesse aspecto). Ainda mais estranho, que tudo isto é a banda ser de Brooklyn, NY, o que é que andam a por na água destes gajos?
Existe ao longo de todo o disco, um trabalho apurado, apaixonado e orgânico, que irá resultar numa uniformidade musical única. Imagino (tenho quase a certeza) que um disco destes, irá por a cabeça em água a muitos amantes do country americano, isto porque (muitas vezes) promete e não cumpre e digo: "ainda bem! rock & roll".

Momento Mágico: "Lazy Susan"


Oakley Hall - "Gypsum Strings" - 2006 - Jagjaguwar

2006/10/07

Scott Walker

(Sem comentários)





Momento Mágico: "Clara"


Scott Walker - "The Drift" (2006) - 4AD

The Paper Chase

Estranho q. b.

Psicose. "Lunatismo". Doença mental. Será possível haver equilíbrio por aqui?
Indie Rock. Hip-Hop. Punk. Electrónica. Poderá haver lógica nisto (se tudo for misturado)?
Claro que sim, tudo depende da nossa capacidade de encaixe. Há que ter a mente aberta e constantemente preparada para receber os convidados mais inesperados (duvidas, tomem atenção ao nome dos temas).
No início tudo parece complicado e complexo, mas ouvindo o disco em loop, surge no horizonte cenários perfeitamente identificáveis (Modest Mouse; Xiu Xiu; Faith No More).
Ouvir e consumir com moderação (depois não digam, que eu não avisei).

Momento Mágico: "We Know Where You Sleep"


The Paper Chase - "Now You Are One Of Us" (2006) - Kill Rock Star

2006/10/05

Charlotte Gainsbourg

Filha de Peixe Sabe Nadar

É filha do pai e filha da mãe. Do pai herdou a arte, da mãe a beleza.
Produzido pelo duo Air e com a mãozinha de Jarvis Cocker (Pulp) e Neil Hannon (The Divine Comedy), a bela Charlotte "vai formosa e não segura" pela rua com a sua carteira a tiracolo e os seus longos cabelos negros ao vento.
Dificilmente se consegue, dessassociar a sua voz, à sua imagem. Toda ela está carregada de sexo, toda ela transpira sensualidade, chego a sentir o cheiro da sua pele.
Ouvindo o disco com atenção, avistamos por várias vezes o fantasma Gainsbourg (pai), não só pelas partes orquestradas, mas tambem pela forma sussurante como canta.
É um album sofisticado e cheio de classe e no verdadeiro caminho do estilo "Gainsbourgiano" (apesar da grande responsabilidade que isto pode acarretar - a confirmar em próximos trabalhos)

Momento Mágico: "5:55"


Charlotte Gainsbourg - "5:55" (2006) - WEA/Atlantic

Oceanographer

Flutuar

Um belo e prolongado por de sol, daqueles em que o céu fica cheio de tonalidades alaranjadas e o aroma que paira no ar é quente e doce, é o que sente aos primeiros acordes de "On Leaping From Airplanes". É lento e sossegado, é melancólico e alegre, enfim é emocional (e muito).
A forma como todos os instrumentos são tocados e o resultado que daí advém, provoca-me relaxamento total, aliás quase que equiparo isto a uma sessão de massagens, sendo que estas são dadas nos tímpanos, o que pode parecer estranho, mas não é.
Um disco perfeito, para ver as folhas a cair das árvores.

Momento Mágico: "Lydia, You're Fading"


Oceanographer - "On Leaping From Airplanes" (2006) - One Mountain

Phantom Ghost

O Fantasma

Mistério ou misterioso será, uma enorme ajuda para identificar este disco.
Ao ouvi-lo paira no ar, o fantasma de alguém e esse alguém não é obrigatoriamente algo morto e caso fosse preciso contrariar este pensamento, é que esse espectro teria as feições de John Cale.
Há alguma (muita) electrónica neste disco, mas também há imenso piano e muita corda de guitarra, o que prova que este duo germânico consegue equilibrar de uma forma muito dinâmica o elemento orgânico e o electrónico, criando com isso ambientes nocturnos e hipnóticos.
A criação de tais elementos, leva-nos a um suave pairar ou seja breves momentos levitação, onde perdemos contacto com o nosso elemento corporal.

Momento Mágico: "All Is Hell"


Phantom Ghost - "Three" (2006) - Lado Musik


2006/10/03

Ghostland Observatory

Electro-P(h)unk?


Volta e meia a parecem bandas, onde o poder da dança apesar de disfarçado é o mote principal.
São assim os Ghostland Observatory (excelente nome), dançáveis até mais não.
E isto porque, atrás das máquinas Thomas Turner, faz nascer um electro-p(h)unk cheio de batida e inundado de sozinhos das mais diversa espécie, para completar o ramalhete aparece à voz de Aaron Behrens, que ao principio se estranha, mas que logo se entranha e dá sentido à coisa.
Estes dois amigos (como eles se gostam de intitular) de Austin debitam energia e sensações, que nos fazem no mínimo bater o pé e no máximo saltar e despentear toda a gente que nos rodeia.
"Paparazzi Lightning " é um daqueles discos, que está no limiar de imensos géneros, é electro, mas também é punk, é funk mas também rock, é um bom disco e também é um grande álbum.

Momento Mágico: "Midnight Voyage"


Ghostland Observatory - "Paparazzi Lightning" (2006) - Trashy Moped

2006/10/01

Midlake

Super Pop


Elegância será sem duvida o adjectivo perfeito, para esta banda do Texas. O estilo sonhador/lo-fi dos Midlake faz-me abrir as asas e voar bem alto, sem rumo, sem sentido, mas com esperança.
O permanente jogo de vozes, é uma delicia, é repousante, é precioso...
Se há por aqui Grandaddy, também há Simon & Garfunkel, se há Iron & Wine, também há Flaming Lips, enfim há fundamentalmente Midlake é isso que importa.

O resultado final, apesar de simples, é de uma delicadeza extrema, sem duvida um dos grandes álbuns de 2006.

Momento Mágico: "In This Camp"


Midlake - "The Trials of Van Occupanther" (2006) - Bella Union