2007/07/15

Blonde Redhead

Flutuar Em Mistério

Por vezes, inexplicavelmente, há discos que se apoderam de nós, sem que possamos fazer algo contra esse facto. Por mais que os ouçamos, tarda a hora em que é posto de lado e tempo de partir para outro. 23 dos Blonde Redhead é um desses casos. Por isso a melhor forma de me libertar de 23 é, como diz um amigo meu, escrever. Não se trata apenas de mais um álbum na linha do indie rock ou pop, digamos que aqui há muito de experimental, de criação temerária, desafiando deste modo as classificações convencionais.
Desde o primeiro momento, com o tema homónimo, o disco indicia uma elevada densidade marcada sobretudo pela liderança da guitarra e por uma firme bateria. Mas é a voz de Kazu Makino, que nos alicia a entrar num ambiente volátil, intenso, eléctrico, mas indulgente. Um teatro onírico de cenas emotivas. Depois é somente flutuar pela estratosfera polifónica, composta por delicados ritmos electrónicos, melodias doces e vozes apaixonadas.
Misterioso e de uma estranha beleza, 23 revela-se mais como uma forma audaciosa de arte/pop, em que poucas bandas actualmente em cena ousariam arriscar. Tal ousadia é a marca que distingue uma banda com 14 anos de carreira e sete discos lançados. E este é sem dúvida um testamento ao talento e à reinvenção.

Momento Mágico: Dr. Strangluv


Blonde Redhead - 23 (2007) - 4AD

1 comentário:

*dieux est une femme* disse...

Concordo em gênero, número e grau sobre o Blonde.
Mas meu àlbum preferido, e o mais viciante é o Mistery is a Butterfly!
O 23 realmente está mais pro pop, e talvez por ter um experimentalismo maior eu prefira o Mistery!

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