2008/04/07

Cat Power

As Canções dos Outros

Chan Marshall é uma senhora com voz de menina. É dona de voz que transpira, aquela suave rouquidão carrega toda a imagem de mulher sofredora, paciente, mas que ao mesmo tempo é apaixonada e se esforça para arrebatar os corações mais duros.
Num passado relativamente recente (The Cover Records (2000) – Matador) Cat Power, já tinha optado por gravar um disco de versões, desta vez volta à carga e repete a graça, o resultado é Jukebox (2008) - Matador. Se no primeiro caso quase todo o disco se desenrola, numa vertente pop-folk, com este segundo cover-album a intenção é descrever caminhos mais tortuosos, mais dolorosos, para isso recorre ao soul, ao gospel e ao rock introspectivo.
Cat Power criou em nós o hábito, de a escutarmos como uma pequena songwriter. De guitarra em riste, trauteia canções melancólicas, inundadas de sentimento, onde pouco espaço há para a alegria espontânea.
Com Jukebox essa imagem intensifica-se, descobre-se uma senhora dona do seu nariz, sabe o que faz e gosta de o fazer bem. O disco inicia-se que a versão “New York, New York” de Ebb e Kander, imortalizada por Frank Sinatra, a que Cat Power constrói a imagem de cabaret de 2ª, apinhado de lugares vazios. Ramblin’ (Wo)man é blues em modo sadcore. Existem dois temas no disco, Metal Heart e Song For Bobby (escritos pela própria) que mais são que duas piscadelas de olho, a quem só agora se cruzou com a obra de Cat Power. Lost Someone é uma pérola, aliás foi com este tema que despertei para este disco, fica o link Lost Someone (Live At Later..), palavras para quê… A versão de Joni Mitchell é a calmaria total, com Blue a suavidade vocal casa na perfeição com o som do teclado, entrando por um mundo de sombras e amenas carícias.
Sem ser um soberbo disco, Cat Power consegue alcançar e assinar o livro de presenças de 2008, editando uma obra de agradável sedução. Jukebox é encantador e cativante.

Momento Mágico: Blue


Cat PowerJukebox (2008) - Matador

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