2007/07/01

Ray LaMontagne

Country Bluesman

Existem muitos artistas no mundo, uns conseguem aliar a composição musical à transmissão de sentimentos e emoções, outros não. Ray LaMontagne integra-se, claramente, no primeiro grupo, quero dizer com isto que a sua música é, acima de tudo, sentida e depois cantada. O modo apaixonado como canta, as letras introspectivas e a capacidade que tem para as exprimir musicalmente deixa poucas dúvidas sobre o seu talento.
Em "Be Here Now", faixa de abertura do disco, Ray LaMontagne demonstra a evolução do seu som, desde o disco de estreia Trouble, guitarra acústica dedilhada, piano longínquo, secção de cordas que confere um ambiente etéreo, perturbador e acima de tudo uma vocalização agreste, profunda e verdadeira.
Outra das grandes canções do disco é “Lesson Learned” é uma canção amarga, sobre um relacionamento em que alguém parece não perceber, ou querer aceitar, que já não é desejado. Em “You Can Bring Me Flowers”, outra canção amarga, vigora um riff de baixo que, juntamente com uma secção de metais inspirada em Miles Davis, transforma, de forma muito positiva, o som habitualmente simples e directo de Ray LaMontagne.
A faixa que dá nome ao disco é uma reflexão sobre uma sociedade austera, feita com uma tristeza profunda, que se sente como um murro no estômago e que nos faz reflectir sobre o modo como vivemos a vida e encaramos o próximo.
Till The Sun Turns Black é um disco genuíno, distante da superficialidade de muitos artistas dos nossos dias, que pinta um quadro de uma realidade triste, de uma sociedade decadente e sombria e não deixa ninguém indiferente.
Imprescindível.

Momento Mágico: Be Here Now


Ray LaMontagne Till the Sun Turns Black (2007) - RCA

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro colega,

Um óptimo texto para um não menos soberbo disco. Reflecte precisamente o que o disco descreve. Ler e depois ouvir,a conjugação perfeita.
O meu momento magico do disco é o Within You.

Abraço

Edgar J. Domingues

Anónimo disse...

Meu caro,
a música de Ray é um conforto em meio a tanta tragédia musical que ouvimos. Concordo completamente com a evolução musical de BE HERE NOW (que por sinal amo) mas confesso gostar do folk amargo da voz (gritada) de Trouble. Paixão ao primeiro som; inesquecível e por isso, talvez, insuperável.
Um abraço

Susana Silvério
Goiânia-Go