2008/05/31

Major Dick And Captain Woody

Rudimentar

As águas do Mondego, devem ter sido algures na sua historia, possuídas pelos deuses do Blues/Rock, só assim consigo justificar, esta coisa que corre nas veias de muitas das bandas que nascem em Coimbra. Nomes como Tédio Boys, Bunnyranch, Legendary Tiger Man, WrayGunn ou até mais recentemente Sean Riley & The Slowriders, partilham todas a mesma pauta musical, todos usam a mesma linguagem de comunicação. Aponto 3 razões para isto: o reduzido tamanho da cidade de Coimbra; á forte amizade que sempre existiu entre todos os melómanos da cidade e à Rádio Universidade de Coimbra (RUC).
Os Major Dick And Captain Woody é o mais recente nome a acrescentar a esta já longa lista. Penso que a principal característica, deste novo duo de Coimbra seja a coragem, isto porque agarraram a parte mais crua do rock e de uma forma impressionante simples, arquitectam uma alma melódica bastante convincente. Após ter visto 2 ou 3 concertos da banda, tinha ficado um pouco desmotivado e isto resultava em exclusivo da confusão sonora que os Major Dick And Captain Woody conseguem produzir em palco, onde só como muita atenção se consegue separar a voz dos restantes instrumentos, coisa que penso que irá melhorar com o passar do tempo. Foi assim que com algum espanto que ouvi e absorvi Sure To Boogie. Ao primeiro EP, a banda consegue mostrar que ainda há imensas coisas a explorar, que há um mundo novo de ideias e de sons a experimentar.
Shake Your Ass N’Say Yeah” o primeiro tema deste EP, chega-nos aos ouvidos com uma cadência eléctrica que faz lembrar uma locomotiva descontrolada, onde apenas há partida e chegada. “Coke And Whiskey (Everyday)” é a alegoria de uma noite sem fim. O disco termina com “Beer Me Up” o primeiro tema da banda, onde se nota o quanto já evoluiu o projecto. Se parece haver um longo caminho a percorrer, também se nota que há imensa vontade e potencialidade para o fazer.
Encomendas/Audição via myspace: http://www.myspace.com/majordickcaptainwoody.

Momento Mágico: Work In The Can


Major Dick And Captain Woody
Sure To Boogie [EP] (2008) – Edição de Autor

2008/05/25

The Last Shadow Puppets

Eurovisão

Alex Turner é o vocalista e guitarrista, de uma das bandas de maior sucesso dos anos 00’s, os Arctic Monkeys, Miles Kane andou pelos The Rascals e pelos The Little Flames, uma amizade de vários anos foi dando corpo aos The Last Shadow Puppets. A banda possuí uma sonoridade fortemente retro, são bem visíveis as influencias dos crooners (Scott Walker, Nick Cave, David Bowie), o universo Festival da Eurovisão está patente em todo o disco.
Os arranjos comandados por Owen Pallett, que trabalhou com Arcade Fire, Beirut e outros, dá uma roupagem muito característica ao som dos The Last Shadow Puppets. O resultado final tanto pode ser uma mistura de pop de características simples, como logo de seguida usando uma carga cinematográfica bastante intensa, nos podem conduzir ao longo de uma auto-estrada de emoções e sensações.
Na produção de The Age Of The Understatement é a London Metropolitan Orchestra, a principal responsável por todas as sumptuosas orquestrações e são eles que ao longo das varias audições, nos vão ajudar a construir imensos cenários mentais. Ao ouvir este primeiro trabalho dos The Last Shadow Puppets, viajamos sem sair do sitio, um convés de luxuoso paquete numa qualquer viagem a um país exótico (“Standing Next To Me”), um jogo de roleta rodeado de belas mulheres (“Seperate and Ever Deadly”), um baile onde o galã faz a corte a mais bela das damas (“Black Plant”) ou até mesmo aquela perigosa perseguição do 007 ao mais vil dos inimigos (“The Age Of The Understatement”).
The Last Shadow Puppets é um agradável e fresco passeio aos anos 60.

Momento Mágico: Meeting Place


The Last Shadow PuppetsThe Age Of The Understatement (2008) - Domino

2008/05/17

Foals

Simples e Directo

O mundo pop tem destas coisas. Rituais que se repetem ano após ano, não se cria nada de novo, não surgem novos sons, não se inova um milímetro que seja. E como eu gosto disto. Um mundo musical perfeitamente descomprometido e sem necessidade de esforços mentais.
Os Foals são tudo isto, directos, discretos, banais e isto é tão bom, faz-me sentir tão bem. Preciso desta coisas simples. Antidotes é estrutura pop pura, está repleto de temas claros, manifestos de fácil admissão e de espontânea adição.
A banda de Oxford (England) usa os mesmos recursos de uns Bloc Party ou Klaxons e usam o rock ao estilo de uns Artic Monkeys, o resultado é uma amálgama sonora de contornos dance-punk, o que satisfaz de uma forma discreta.
Antidotes inicia com “The French Open” e “Cassius” silhuetas de contornos ska, onde a formula rítmica ganha o controle de toda a estrutura musical. Com “Olympic Airways” há um nítido olá à pop. “Electric Bloom” resume tudo o que foi dito anteriormente, singela e eficaz, objectivo pop perfeitamente cumprido. O timbre de voz de Andrew Mears, é talvez a única coisa que dá uma característica única aos Foals, tudo o resto apesar de residual, é festivo e de fácil compreensão.
Foals é musica pela musica, simples, directa e eficaz.

Momento Mágico: Big Big Love (Fig. 1)


FoalsAntidotes (2008) - Transgressive

2008/05/11

Cut Copy

Fantasma Colorido

Musica electrónica e musica orgânica, já não é a primeira vez que a união, entre ambos os estilos consegue fazer todo o sentido. Os Cut Copy agarram no mundo electrónico, adicionam-lhe instrumentos convencionais e o resultado é uma amalgama de musica dançável.
Os Cut Copy e a sua electro-pop chegam da Austrália e 4 anos após o debut álbum Bright Like Neon Love (2004), surge o mais que esperado In Ghost Colours (2008), pelo meio houve um disco de misturas gravado ao vivo no formato DJ Set, com o nome de Fabriclive.29 (2006).
O movimento australiano dentro da pop-dance/electro-pop, encontra-se no momento ao rubro, nomes como os Cut Copy, Midnight Juggernauts, The Presets, etc, põe a grande ilha do pacifico a rodar um pouco por todo lado.
Os Cut Copy não são inovadores, coisa que não está ao alcance de todos, de qualquer forma não me parece que tenha sido essa a sua intenção. O seu principal objectivo foi reformarem um género e dar-lhe uma nova roupagem, vestirem-na com enorme elegância, penso que o conseguiram. In Ghost Colours é um disco de fácil digestão, o apelo ao leve bater de pé é uma constância, chegando muita vez a não ser o suficiente, existe muitas vezes uma irresistível necessidade e de movimentar todo o corpo.
A abertura de In Ghost Colours faz-se com “Feel The Love” um perfeito ritual pop, “Lights And Music” é um dos grandes temas do álbum um tema directo e eficiente,” So Hauted” é uma mescla rock de contornos quase disco, “Hearts On Fire” é puro pop-dance imaculado, “Far Away” é club dance para amantes de rock.
In Ghost Colours é um disco para toda a gente, para os amantes de pop-rock e para os simpatizantes de musica electrónica de contornos mais pop. Um disco perfeito para as noites ao ar livre.

Momento Mágico: Hearts On Fire


Cut CopyIn Ghost Colours (2008) - Modular Interscope

2008/05/05

Dead Combo

Alma Portuguesa

Usando o western, o dark-folk, o tango bandido ou os acordes mais simples de um blues doloroso, os Dead Combo conseguem construir um som com alma portuguesa. A existência desse espírito permanece intacto, devido a forma como entrelaçam o som triste do fado, com todas as referências anteriormente referidas. Há um universo de constante partida, a musica dos Dead Combo é um permanente cais de embarque, o que é talvez uma das principais características dos portugueses, um continuo “estou de partida”.
Lusitânia Playboys é o terceiro disco de originais deste duo lisboeta, constituído por Tó Tripes (Guitarras) e por Pedro Gonçalves (Contrabaixo), durante os 15 temas deste novo trabalho, permanece o fio condutor que os trouxe até 2008, a mistura das ambiências de Enio Morricone com o mais fino extracto do aroma da música portuguesa, o perfeito matrimónio entre a portugalidade e o resto do mundo musical. A forma como cruzam a guitarra e o contrabaixo dá ao som de Dead Combo um minimalismo sombrio, a única coisa que sobra a pós a sua completa audição é a ideia de espectro sonoro, algo que sabemos que existe, mas não se consegue ver, pura e simples fé musical.
Da lista de participações em Lusitânia Playboys constam nomes como Howe Gelb, Kid Congo Powers, Carlos Bica, Alexandre Frazão, etc., todos eles ajudam a divulgar aquele que eu entendo como um dos projectos portugueses, com maior capacidade para a internacionalização. Com Lusitânia Playboys os Dead Combo, provam que o filão por si descoberto tem imenso para explorar, existe muito a escavar e a mostrar, as pepitas vão sendo descobertas e vão sendo apresentadas a um público cada vez mais sedento.
Lusitania Playboys está todo disponível em: Dead Combo - MySpace confirmem, é um favor que fazem a vocês próprios.
A portugalidade tem som, tem alma, tem corpo, mas não se vê.

Momento Mágico: Cuba 1970


Dead ComboLusitânia Playboys (2008) - Universal