António Antunes
01 Electrelane – No Shouts No Calls
Quando ser simples é sinónimo de eficácia. Fabuloso disco, maravilhoso concerto.
Tram 21
02 LCD Soundsystem – Sound Of Silver
North American Scum
03 Jens Lekman – Night Falls Over Kortedala
O Sr. Crooner…
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Bruno Coelho
01 Caribou – Andorra
Snaith + Pop + Psicadelic + Noise = Fórmula Perfeita.
Um turbilhão que faz a união perfeita entre a pop e o psicadelismo, com melodias que tomam conta do nosso estado de espírito.
Nunca fui a Andorra, não sabia que era tão bela.
After Hours
02 Radiohead - In Rainbows
Ouve-se em loop infinito sem nunca cansar.
Jigsaw Falling Into Place
03 Beirut - The Flying Club Cup
Doce.
Nantes
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Carlos S. Silva
01 Radiohead – In Rainbows
Uma vez mais a banda excede as expectativas, um disco grande em todos os sentidos. Verdadeiros camaleões do rock conseguem em In Rainbows um dos alinhamentos mais fortes da sua carreira. Como será pertencer a uma banda que faz de cada edição discográfica um marco histórico?
House Of Cards
02 LCD Soundsystem – Sound of Silver
Poderoso
Get Innocuous!
03 The Shins – Wincing The Night Away
Perfeito
Phantom Limb
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Edgar Domingues
01 Electrelane – No Shouts No Calls
In Berlin
A Sunday Smile
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2007/12/30
2007 em Discos
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Bruno Coelho
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2007/12/23
Feu Thérèse
“Nos Amours” é uma clone perfeito de Arcade Fire. Em “Visage Sous Nylon” e “Enfant” a guitarra de Parant produz brutais remessas de sons atmosféricos, um post-rock ambiental de grande elegância. “Bruit du Pollen La Nuit” surge como um cometa dos confins do universo e fica em rotação à volta do nosso cérebro, num constante vai e vem. “Va Cogner” visita uns Kraftwerk de uma forma indelével, entrando no seu jogo musical com direito a coro infantil e tudo. “Nuit Est Une Femme” é uma triste ode cantada a dois, transborda a amor não correspondido.
O pop escuro que nasce nos rituais de Ca Va Cogner sabe a anos 80, a dualidade francês/inglês dá necessária curvatura ao projecto, para se poder assumir como algo que fica no limbo, ali a meio caminho entre o céu e o inferno.
Feu Thérèse – Ca Va Cogner (2007) Constellation

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Antonio Antunes
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2007/12/19
Liars
Best of só com originais
Cada álbum de Liars é uma completa surpresa, uma peça única. Este não trouxe um novo som, mas um apanhado dos últimos três. Isto explica um bocado o título homónimo, ou seja, ao quarto registo fizeram um ponto de situação, um best of só com originais. Cada música deste álbum podia pertencer aos anteriores ou podiam ter ficado na gaveta para uma edição de b-sides, mas não, foram músicas feitas agora a piscar o olho ao passado.
Isto é Liars.
Momento mágico: Plaster Casts of Everything
Liars - Liars (2007) - Mute
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Bruno Coelho
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2007/12/16
LCD Soundsystem
Este segundo trabalho era altamente previsível, tinham ficado imensas coisas por encerrar, tinha sido aberta a Caixa de Pandora e contrário do que reza a história, lá de dentro saíram temas fortemente dançáveis, algo que os New Order alguns anos nos tinham ensinado. “Sound Of Silver” é música que se dança, sem ser dance-music, é o regresso ao melhor que os 80’s e 90’s, é a grande prova que o rock ainda se dança, é electro-punk-rock puro e duro.
A constante mutação vocal de Murphy, que umas vezes se aproxima de Bowie e outras de Byrne, ao ser cruzada com toda a sua experiencia musical, vai fazer nascer Get Innocuos! uma pura repetição doentia de sons perdidos, Time To Get Away é alegria no seu estado mais genuíno, uma canção sem defeitos, North American Scum é mordaz. Com All My Friends há romantismo, há amor para todos. Mas é com Sound Of Silver que se resume todo este trabalho, há uma perfeita redundância, melhor que escrever é transcrever: “sound of silver talk to me, makes you want to feel like a teenager, until you remember the feelings of a real live emotional teenager, then you think again”… façamos o mesmo.
“Sound Of Silver” é James Murphy no seu melhor, é espontâneo e imediato, não sofre pressão editorial, (aliás o próprio Murphy é o dono da DFA), é um disco livre e de liberdades.
LCD Soundsystem – Sound Of Silver (2007) - DFA

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Antonio Antunes
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2007/12/12
Beirut
Passeio Europeu
Zach Condon, actualmente com apenas 21 anos, estreou-se nas lides musicais em 2006 com um disco irrepreensível. Lembrar-se-ão do furor que “Gulag Orkestar” provocou nas hostes da crítica mundial. Se uma certa aura de genialidade lhe seja já tão precocemente reconhecida, a verdade é que poucos acreditaram que neste ano tal façanha fosse repetida.
No entanto assim sucedeu e vai daí em 9 de Outubro passado foi lançado “The Flying Club Cup”. Neste registo, a viagem deste americano por terras europeias continua. Se no álbum antecessor toda a construção havia sido inspirada por paisagens Balcãs, neste o nosso rapaz navega abaixo e acima por um Sena em princípios do século passado, ainda que buscando grande parte da sua inspiração na obra de Jacques Brel.
Tem muito de “Gulag Orkestar” e não deixa de ser Pop/Folk. Pop de popular e Folk de Folclore, alternativo mas tão alternativo, que outra não nos resta senão ouvi-lo. Nesses instantes uma estranheza arrebata-nos, somos empurrados num balancé de sentimentos agri-doces, onde tudo parece perfeito mas algo não está bem. “The Flying Club Cup” soa a uma carta de amor lida pela primeira vez na boda de casamento, faz sentido e não faz.
É uma festa de lágrimas e de sorrisos, são os metais, as cordas, os sopros, e o órgão. Afinal, agora sim é uma orquestra. Perfeito.
Momento Mágico: A Sunday Smile
Beirut - The Flying Club Cup (2007) - 4AD
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Edgar J. Domingues
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2007/12/09
Burial
Porque não sou eu uma pessoa, com gostos musicais limitados?
É que acreditem, era tudo muito mais fácil, ficava para ali no cantinho agarrado aos sons distorcidos de guitarras, ligava-me definitivamente ao rock e desligava de tudo o resto.
Mas não, tenho uma necessidade de complicar tudo.
Raios!!!
Burial já me tinha perturbado com o álbum homónimo de 2006, tendo passado imenso tempo a ouvir todos os contornos sonoros do chamado dub step e a tentar esmiuçar todos os seus sons e ruídos. Havia e há uma melancolia sonora que me lembra os anos 80 e toda a sua zona sombria inerente. Há negritude e queixume, uma permanente falta de luz.
Com Untrue tudo ganha um novo dinamismo, permanece o conceito, mas alguém acendeu a luz. Há um passo em frente, tudo fica mais orgânico, a introdução das vozes soul acrescenta-lhe muito mais que alma, surgindo corpo. A musica de Burial deixou de ficar prisioneira do etéreo e enterrou os pés na terra. Até onde agora havia um voo controlado, um planar sobre os verdes campos, passou haver um caminhar na praia, passou haver liberdade e romantismo.
Raios!!! Burial não é rock, é electrónica no seu estado puro e gosto muito.
Burial – Untrue (2007) – Hyperdub

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Antonio Antunes
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2007/12/05
Animal Collective
Com a chegada do 6º disco, já conquistaram o seu espaço e já deixaram uma marca irrefutável no panorama da musica independente, aconteça o que acontecer daqui para a frente, os Animal Collective estão para os 00’s como os Radiohead estiveram para os 90’s, se bem que os primeiros não tiveram um “Creep”, para os tornar mundialmente conhecidos.
A voz de Avey Tare está solta e transpira alegria, a percussão de Panda Bear é suave e simples, toda a restante componente electrónica é única, transpondo para toda a estrutura o corpo e o aroma tão essenciais a este som contemporâneo.
Inovação, clareza de ideias, liberdade de criação, espírito de aventura, risco (provavelmente a sua melhor qualidade), são sintomas deste quarteto fantástico, as suas obras não tem margens definidas, não há barreiras nem barrancos, tudo é pensado, tudo é natural. Apesar de Strawberry Jam ser um estranho doce, consegue após uma apurada degustação tornar-se infinitamente agradável, uma paleta de diversos sabores.
Animal Collective – Strawberry Jam (2007) - Domino

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Antonio Antunes
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2007/12/02
Benjamin Biolay
Trash Yeye cresce assim com alicerces bem estruturados e todo o resto da construção é altamente cuidado e rico de ornamentos, estando o espírito de Gainsbourg presente a cada esquina. Trash Yeye é um disco monótono, mortiço, que esvazia o espírito, mas não quero com isto carregá-lo de negativismo, o que pretendo afirmar é que existe uma extraordinária capacidade de nos transmitir a imagem de um lago de águas calmas, onde nem a mais leve brisa sopra.
Biolay compõe, organiza e domina a técnica pop como muito poucos. A concepção dos 12 temas obedecem ao mais simples ritual musical, não tem carga pretensiosa nem possuem qualquer ideia de fundo, apenas simples canções, sobre os mais simples problemas da vida.
Regarder La Lumiere, Qu'Est-Ce Que Peut Faire e o magnifico single Laisse Aboyer Les Chiens, são apenas 3 exemplos, de que não só estamos na presença de um dos principais nomes da pop francesa, como se prova também que o nome de Biolay poderá constar ao lado de muitos nomes anglo-saxónicos.
Benjamin Biolay – Trash Yeye (2007) – Virgin France

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Antonio Antunes
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2007/11/28
Elvis Perkins
Elvis Perkins é filho do actor Anthony “Psycho” Perkins que foi vitima de SIDA em 1992 e da fotógrafa Berry Berenson que era passageira de um dos aviões que chocou com as Twin Towers a 1 de Setembro. Será certamente uma pessoa sofredora, melancólica e delicada, o que confere uma capacidade sensorial, de onde brotará energia sensível e emotiva, Ash Wednesday é todo assim.
“While You Were Sleeping” é um leve despertar, um suave acordar após um longo e retemperador sono… Apesar de toda a estrutura, estar baseada no acústico “May Day”, oferece a hipótese de conhecermos a sua vertente mais eléctrica, “It’s Only Me” é um enorme lamento à solidão, como ele próprio afirma “…the darkness and the dust but me, I’m just a man / it’s more than I can understand / It’s only me”.
Não existe pecado em Ash Wednesday, é álbum puro e limpo, sem complexos, serve como convite a um longo e calmo passeio campestre, onde com o seu jeito nos vai contando bonitas fábulas e histórias intensas. Perkins é um cantor com um imenso futuro, fica tanta coisa para descobrir e são enormes as probabilidades musicais, o que está para vir irá ser muito bom.
Momento Mágico: May Day
Elvis Perkins – Ash Wednesday (2007) – XL Recordings

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Antonio Antunes
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2007/11/24
Beirut
The Flying Club Cup é o novo album, de Beirut e do seu alter-ego Zach Condon. Tentar definir numa única palavra, o conteúdo de um disco, tem um grau altamente elevado de dificuldade, mas neste caso vou arriscar e chamar-lhe um disco desconcertante.
E desconcertante, porquê? Consultando um qualquer dicionário de português, encontramos sinónimos com embaraçoso ou que atrapalha ou seja fortemente carregados de negatividade. Só que a minha intenção não é bem essa. O que pretendo é usar essa palavra para despertar mentalidades e por em sentido o intimo de cada um. Na pratica cataloga-lo dessa forma, teria apenas um objectivo, afirmar que The Flying Club Cup é um disco fraco, só que o que acontece é exactamente o oposto.
O novo disco de Beirut, é uma amalgama de sentimentos profundos, ao mesmo tempo que transborda de dor, é de uma alegria imensa, inundando de felicidade tudo o que o rodeia. É uma espécie de exército de almas penadas, que aguardam desesperadamente que lhes abram a grande porta, que os irá conduzir a um local onde tudo é calmo e claro.
A constante utilização de “brass bands” dá-lhe uma caracteristica baltica, um frenesim cigano, resulta assim um euro-folk carregado de história, tomemos em consideração “Nantes”. “A Sunday Smile” é amor estado bruto, é um sorriso domingueiro de quem ainda não lavou a cara. “La Banlieu” é uma festa para dançar à roda da fogueira. “Forks And Knives” é uma genuína canção onde vem à tona, o verdadeiro e principal instrumento de Beirut, à voz de Zack Condon. The Flying Club Cup é a continuação lógica de Gulak Orkestar e como segundo disco, consegue-o de uma forma natural e perfeita, coisa que nem todas as bandas se podem orgulhar
Beirut – The Flying Club Cup (2007) – 4AD

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Antonio Antunes
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2007/11/20
Terry Lee Hale
Terry Lee Hale é o novo americano
Algo raro, particularmente se tivermos em consideração que as raízes musicais de Hale residem no alt-country. Hale assume-se como um performer e songwriter. O seu sonho sempre foi tocar guitarra e escrever canções.
Até aí chegar foi o homem dos sete ofícios. O sonho comanda o homem e o resultado, actualmente, é um artista na essência da coisa e um décimo álbum absolutamente fascinante. A sonoridade e as letras das dez canções de Shotgun Pillowcase, ilustram bem o árduo caminho que é necessário percorrer para se alcançarem as metas a que nos propomos, ou como Hale canta, ”I Walk The Streets Of Stone”.
Esta metáfora está bem patente na voz áspera mas também reconfortante de Hale. Todo o disco é uma lição de vida, das suas componentes e etapas. Amor, objectivos, riscos, partilha, não são meros conceitos nas letras das canções de Shotgun Pillowcase, sendo antes aquilo que define a essência do Homem. Daí que este disco habite nos blues, a guitarra vem do folk-rock e o saxofone distribui o jazz de Fats Domino ou de Hank Williams.
Produzido por Chris Eckman dos Walkabouts, este disco é performance, mensagem e som.
Momento Mágico: Glitterati
Terry Hale - Shotgun Pillowcase (2007) Bongo Beat Records / Borderdreams

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Edgar J. Domingues
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2007/11/17
Rob K & Uncle Bucher (Concerto)
COIMBRA - VIA LATINA - 2007/11/17
http://www.myspace.com/thejazzangels
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Antonio Antunes
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Major Dick And Captain Woody (Concerto)
COIMBRA - VIA LATINA - 2007/11/17
http://www.myspace.com/majordickcaptainwoody
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Antonio Antunes
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2007/11/16
The Hives
Mais do Mesmo
A expressão “mais do mesmo” costuma ter uma conotação negativa. Eu não concordo e, como tal, decidi empregá-la para descrever num pequeno título o regresso dos The Hives. Quando uma banda tem qualidade musical, mais do mesmo não é necessariamente uma má notícia, é antes uma confirmação de que continuam a criar boa música que não compromete ou desilude os fãs.
Não se pense que o novo disco dos The Hives repete as fórmulas anteriormente utilizadas, pelo contrário assiste-se à introdução novos elementos, nalguns casos com estupefacção, que para além de enriquecerem a sua habitual estrutura musical apontam novos caminhos, são exemplo disso “Try It Again”, “T.H.E.H.I.V.E.S” (com a ajuda de Pharrel Williams, quem diria?), "A Stroll Through Hive Manor Corridors" (parece saída de um filme de terror série B), "Puppet On A String" (será que oiço um piano de cabaret?) e “Giddy Up”.
O resto? O resto é garage/punk/rock ao melhor estilo, sem compromissos e sem descanso. Temas como “Tick Tick Boom”, “You Got It All… Wrong”, “Well Alright”, “Hey Little World”, “It Won’t Be Long”, “Return The Favour”, “Square One Here I Come” “You Dress Up For Armaggedon” e “Bigger Hole To Fill” é The Hives clássico, para ouvir com o volume no máximo, principalmente em dias em que temos muita energia para gastar e/ou muito stress para libertar.
Dos The Hives não peço muito, não espero criatividade transbordante, grandes orquestrações, composições ou trabalho de estúdio, só espero rock enérgico, guitarras estridentes, muita atitude e arrogância q.b. e mais uma vez a banda não atraiçoou as minhas expectativas, estou mais que satisfeito, desconfio que a minha “air guitar” vai ter muito trabalho.
Momento Mágico: You Got It All…Wrong
The Hives - The Black And White Album (2007) - Universal
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Carlos S. Silva
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2007/11/13
Gravenhurst
Tudo o que aconteceu a seguir, foi uma busca incessante o que tinham criado até em então e foi assim que descobri Flashlight Seasons (2004) e Fires In Distant Buildings (2005), duas obras que percorrem o rock de uma forma redonda e carregada de cores rock-folk, pintadas aqui e ali por guitarras atmosféricas bem ao estilo do pós-rock Mogwaiano.
Em 2007 aí estão eles de novo e se nas primeiras audições, tive uma certa dificuldade em absorver a obra, agora que a poeira já acentou, considero The Western Lands um disco de uma beleza estranha, é sombrio mas apaixonante, é uma paisagem repleta de folhas caducas, semi-iluminadas por um pôr de sol alaranjado.
The Western Lands é uma mulher que dança completamente descalça e descansada “The she dances, skirt swaying in the half-light, she dances” in “She Dances”. Existe a construção perfeitamente rockeira, com guitarras perdidas no espaço, completadas com a sussurante voz de Nick Talbot em “Hallow Men”. A belissima cover de Fairport Convention, “Farewell, Farewell”, é o exemplo da pacifica beleza deste album.
Gravenhurst - The Western Lands (2007) - Warp

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Antonio Antunes
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2007/11/10
Roísin Murphy
O que nos traz a 2007 e à edição de Overpowered, o seu segundo disco a solo, uma vez mais aguardado com grande expectativa pela vasta legião de fãs de Moloko, no qual é evidente a vontade da artista em recuperar o fôlego perdido. Desconhecendo, como é óbvio, a repercussão que o mesmo vai ter, sempre se dirá que não desilude. De facto, Overpowered é um disco triunfante, enérgico, essencialmente direccionado às pistas de dança, habitat natural de uma artista vibrante, excêntrica e o local onde esta potencia todas as suas qualidades.
O regresso de Roísin Murphy aos ambientes electrónicos é, desde logo, visível no primeiro tema do disco Overpowered, dotado de um ritmo contagiante que compele à dança e que marca o compasso dos restantes temas. “You Know Me Better” não dá descanso e é um dos temas mais próximos da herança dos Moloko, “Let Me Know” e “Footprints” levam-nos de volta aos míticos anos 80, “Movie Star” não era de estranhar nuns Goldfrapp, “Dear Miami” é cerebral na sua cadência, “Cry Baby” lembra lantejoulas e plumas, “Primitive” é persuasiva na evocação dos instintos animais, “Tell Everybody” é pop em estado puro e “Scarlett Ribbon” fecha a obra da forma mais inesperada, parecendo até um pouco desalinhada das restantes.
Um belo disco, para amantes de música pop, com uma piscadela de olho às pistas de dança.
Momento Mágico: Overpowered
Roísin Murphy - Overpowered (2007) - EMI

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Carlos S. Silva
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2007/11/07
Radiohead
Apenas Canções...
Passaram quatro anos desde que os Radiohead lançaram o seu último disco de estúdio. Pelo que era aguardado com imensa expectativa um novo registo, e se possível que repetisse a qualidade do extraordinário Ok Computer. Esse momento aconteceu finalmente com o lançamento de In Rainbows – disponível apenas online.
Do Ok Computer nada tem, nem tinha que ter. Deixemos esse marco à parte, afinal a História não se repete. O novíssimo álbum dos Radiohead é uma viragem para a banda, primeiro porque é a sua primeira edição própria, segundo porque cada faixa soa como se de um organismo se tratasse, em que cada parte depende directamente de outra, ilustrando um empenho colectivo. Enfim, a banda voltou a ser uma banda, confiando em si mesma.
Mas se há esforço simbiótico de Thom Yorke e companhia, já o mesmo não se poderá dizer do espírito do álbum no conjunto. Verdadeiramente, In Rainbows funciona melhor como um conjunto de canções do que como um todo. Mas cada canção está carregada de musicalidade, sentimento, honestidade e sobretudo humanismo. Aqui estamos longe da paranóia de Amnesiac ou de Kid A, resultante do regresso à estrutura convencional da composição musical. A comunicação com quem ouve é perfeita.
Com tempo, In Rainbows revelar-se-á num disco absorvente, quase sensual.
Radiohead - In Rainbows (2007)

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Edgar J. Domingues
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2007/11/03
Caribou
Em Cheio
Já se escondeu por trás de Manitoba, mas como esse nome já era usado por outra pessoa, desde os longínquos anos 70, Snaith assina desde 2004 como Caribou.
O primeiro registo com a sua nova identidade - The Milk of Human Kindness – passou-me um bocado ao lado, mas este Andorra acertou-me em cheio. Começa logo com uma das melhores canções do ano. Uma canção pop muito forte, com uma batida energética, um riff orelhudo, coros, muitos sonzinhos por trás e um falso final que nos sustém a respiração. Mas isto é só o início deste turbilhão que faz a união perfeita entre a pop e o psicadelismo, com melodias que tomam conta do nosso estado de espírito.
Nunca fui a Andorra, não sabia que era tão bela.
Momento Mágico: After Hours
Caribou - Andorra (2007) - Merge Records
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Bruno Coelho
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2007/10/29
Pseudosix
Esta pequena introdução, serve para ajudar a compreender o novo album de Pseudosix, se por um lado tem uma vertente “Beach Boyana” com um brutal cheiro a maresia e a surf-rock, no outro lado da moeda existe puro rock muito ao genero de Neil Young, tudo isto bem combinado resulta no som tipico de uns The Shins, mas isentos de tanta luminosidade.
Pseudosix é a transição dos 60’s para os 70’s. Existe um controle absoluto das guitarras e das harmonias vocais, que são tão caracteristica dessa época.
A formula sonhadora de “Some Sort Of Revelation” onde toda a construção lirica e musical, se suporta no alicerce sunshine pop, a permanente luta entre a melancolia e jubilo no tema “Enclave” ou uso de coro de vozes em “Fight Or Flight” criando uma atmosfera propicia ao voo da alma tão tipica, por exemplo nuns Grizzly Bear.
Os Pseudosix reaparecem 4 anos, após o seu disco de estreia “Days Of Delay” e fazem-no de uma forma consistente e cheia de intencionalidade, usando todos os recursos ao seu dispor e criando um excelente album pop sorridente e luzidia.
Momento Mágico: Waisting Taking Up Space
Pseudofix – Pseudosix (2007) – Sonic Boom

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Antonio Antunes
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2007/10/25
Sia
Paralelamente a estas colaborações enveredou por uma carreira a solo, tendo alcançado o seu primeiro momento de destaque em 2005, quando o belíssimo tema “Breathe Me”, incluído no seu segundo disco Colour The Small One, foi incluído no episódio final da série “Six Feet Under” (Sete Palmos de Terra). A atenção gerada foi aproveitada com a edição do disco ao vivo “Lady Croissant”, no qual podemos encontrar uma faixa de estúdio inédita (“Pictures”).
Em 2007 Sia regressa ao estúdio e o resultado é um conjunto de canções que exaltam a beleza e a singularidade da sua voz e que poderão “capitalizar o investimento” realizado pela artista. De facto, ao longo dos 14 temas que compõem o disco podemos encontrar alguns mais próximos do universo chill out, nos quais Sia brilha alto, ao lado de outros mais upbeat, aos quais se entrega sem reservas.
Estamos perante um disco coeso, refinado, pleno de momentos altos como “Little Black Sandals”, “Lentil”, “Day Too Soon”, “You Have Been Loved”, “Academia” (c/ a colaboração de Beck), “I Go To Sleep”, “Soon We’ll Be Found”, “Buttons” e, principalmente, “Beautiful Calm Driving”.
A cada edição discográfica, Sia supera a anterior e este Some People Have Real Problems não é, felizmente, excepção à regra.
Momento Mágico: Beautiful Calm Driving
Sia - Some People Have Reak Problems (2007)

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Carlos S. Silva
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2007/10/22
Bat For Lashes
Estamos assim perante um indie-rock feminino, que percorre o fio da navalha tentando manter a todo o esforço o equilíbrio, coisa que nem sempre é facil de atingir, sentindo-se mesmo que aqui e ali que a coisa lhe foge um pouco de controlo. Este descontrolo é claramente provocado, pela forma como constrói cada um dos temas de Fur And Gold.
Ao longo de 11 temas a viagem é um misto de tensão e relaxamento, uma permanente ponte entre o calmo e o pânico assumido. O tema de abertura “Horse And I” carrega uma espécie de cravo electrónico, que de uma forma repetida e introspectiva mostra um cenário carregado de sombras e pequenos fantasmas. “Trophy” é lindíssimo, tem um coro brutalmente repetitivo e intenso e um clapping a espaços que é super contagioso. O levíssimo murmurar em “Wizard”, leva-nos de nuvem em nuvem, até um suave e recatado jardim suspenso.
Fur And Gold é um álbum repleto de ira, mas ao mesmo tempo é atmosférico e super respirável, é uma enorme manada em fúria numa verde e elegante pradaria, abana e estremeces mas com imensa suavidade.
Bat For Lashes é um projecto a seguir com atenção.
Bat For Lashes – Fur And Gold (2006) - Echo

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Antonio Antunes
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2007/10/18
No Age
Psiquiátrico
Eu não devia gostar disto. Mas por razão que desconheço e controlo, Weirdo Rippers é o disco mais imediato que ouvi até ao momento (2007), é instantâneo, é o verdadeiro conceito do “faça você mesmo”, basta adicionar um pouco de destreza manual, o mínimo de equilíbrio sonoro e uma auto-estima do tamanho do mundo.
O ambiental início de “Every Artist Needs A Tragedy”, vai enganar o ouvinte e leva-lo no caminho errado, como se fosse uma má companhia, daquelas que tanto a nossa mãe nos avisou e nós não ligamos nenhuma, quando reparamos na consequência já é tarde demais. De pura electrónica avança em direcção de uma bateria completamente hostil, terminando o tema em perfeito e belo noise. “Everybody’s Down” é enorme, é pura adrenalina em ebulição, é a imagem do poder destruidor da natureza, cria uma suave revolução, que apesar de violenta, provoca um enorme bem-estar de difícil explicação.
Os No Age são apenas dois (o guitarrista Dean Spunt e o baterista/vocalista Randy Randall), dois ainda jovens americanos que saem um pouco da linhagem e da linha do rock americano, caminham pelos mesmos trilhos dos Lightning Bolt, fazendo aqui e ali colagens vocais a Animal Collective ou mesmo a Grizzly Bear.
Weirdo Rippers poderá parecer noise ou algo semelhante, na net encontrei uma definição gira post-punk, é isso mesmo…
No Age é uma enorme nova banda… que venha o próximo disco e já agora um concerto.
Momento Mágico: Everybody’s Down
No Age – Weirdo Rippers (2007) – Fat Cat
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Antonio Antunes
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2007/10/15
Foo Fighters
Paulatinamente, Dave Grohl tem assumido um papel maior na cena rock internacional, se é verdade que quando a banda publicou o disco de estreia já não era desconhecido do grande público, não se deixou intimidar, contrariamente a muitos outros artistas, nem mesmo com a transição da bateria para o microfone/guitarra e, gradualmente, tem confirmado o seu enorme talento como songwriter.
Na minha opinião, esse talento atinge o seu auge no presente disco, de facto se no antecessor In Your Honor a banda já tinha optado por um caminho pouco habitual, designadamente no “lado B”, em ESP&G Dave Grohl entrega-se, descomprometidamente, a vários registos atingindo momentos de grande brilhantismo, sendo notória a influência de artistas como Led Zeppelin, Beatles, Steely Dan ou Bruce Springsteen no resultado final.
Se a faixa de abertura já foi destacada pela energia transbordante, que dizer da surpresa provocada pela aceleração repentina de “Let It Die”, dos coros contagiosos de “Long Road To Ruin”, da redenção em “Come Alive” ou da provocação de “Cheer Up Boys (You’re Makeup Is Running)”. Paralelamente, reconheça-se a beleza e a tranquilidade de momentos como “Stranger Things Have Happened“, “Summer’s End”, “Statues” e, principalmente, “Home”.
De guitarra em punho ou sentado ao piano, gritando como se não houvesse amanhã ou suspirando tranquilamente, Dave Grohl é relevante e isso, nos dias que correm, é algo de que poucos se podem gabar.
Momento Mágico: Come Alive
Foo Fighters - Echoes, Silence, Patience & Grace (2007) - RCA

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Carlos S. Silva
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2007/10/12
Fog
Fog é principalmente o multi-instrumentista Andrew Broder, e pela primeira vez usa o formato trio, sendo acompanhado por mais dois amigos músicos (Tim Glenn e Mark Erickson). A provável razão para ter ouvido falar deles, é que os primeiros anos Broder, andou a criar fundamentalmente musica experimental tendo inclusive assinado os 3 primeiros discos pela Ninja Tunes.
Seja como for estamos perante um disco rock, apesar de se notar perfeitamente que há um imenso cuidado com a produção, provavelmente resultante da quantidade de maquinaria (turn-tables e coisas do género) que Broder deverá estar habituado a mexer. Broder conseguiu transportar para dentro deste seu projecto rock, toda a sua capacidade e visão da musica electrónica e fê-lo de uma forma soberba.
Ditherer é um disco um pouco estranho, as primeiras audições são bastantes exigentes. Há energia e falta dela, há vida e morte cerebral, há teatralidade e vida corriqueira. O disco é carregado de psychadelismo “Hallelujah Daddy” ou então regenera o versão soft-grunge de Soundgarden em “What Gives?” ou ainda usa o pop/rock de uns Wilco em “You Did What You Thought”.
São uma banda transparente, divertida e eficaz, o resultado é puro rock cheio de elegância e de muito talento. Projecto a seguir com imensa atenção.
Momento Mágico: Your Beef Is Mine

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Antonio Antunes
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2007/10/09
Lucky Soul
Ainda não são famosos (por enquanto), mas também são cinco e chegam-nos igualmente de Inglaterra. Os Lucky Soul trazem com eles pop, ou se quisermos lollipop, pois é música açucarada e colorida a que ouvimos neste seu primeiro disco “The Great Unwanted”. Aqui prestam uma grande homenagem a um passado já não tão recente, mas ainda muito presente na nossa memória e quotidiano, os anos 60 da pílula e da mini-saia.
O ambiente desprendido e idealista daquele período vive em canções de sabor a pastilha elástica do Epá e emoções amplificadas por um primeiro namorico ou de um primeiro french kiss num certo Verão Azul. Ali Howard, único elemento feminino da banda, tem a voz e o aspecto duma Dusty Springfield, sendo notória a influência de bandas como The Ronettes ou as Supremes.
No single “Lips Are Unhappy” é imediatamente reconhecível o estilo Motown, com cintilantes pandeiretas, bateria irrequieta, coros e arranjos harmónicos, tudo apelando a um descontraído “Shake…Shake…Shimmyyyyy”. Na linha de umas Concretes ou das Pipettes, este quinteto Londrino consegue no entanto trazer um revivalismo mais fiel daqueles loucos anos. Evocativo e divertido.
Momento Mágico: Lips Are Unhappy
Lucky Soul - The Great Unwanted (2007) - Ruffa Lane Records
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Edgar J. Domingues
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2007/10/06
Chris Garneau
Chris Garneau é um sussurador, canta entre dentes, faz da sua voz um veículo de transmissão entre o corpo e a alma, fazendo com que esta ultima ganhe relevo, produzindo um sub-produto chamado conforto.
O duelo piano/voz, em que esta última usa e abusa do formato acima descrito, procura o infinito, parte numa viagem sem rumo numa busca incessante, numa procura desesperada do desconhecido, busca algo perdido, talvez um lugar ou alguém.
É de fácil construção uma imagem ou uma fotografia mental, logo nos primeiros acordes de “Castle-Time”, uma espécie de micro banda desenhada, onde um pequeno boneco se aventura num misterioso e entroncado caminho. “Relief” é ambíguo parece uma canção triste, mas no entanto transmite uma enorme alegria. Por fim surge “Between The Bars” há uma lindíssima cover de piano de Elliott Smith (hidden track).
Há em Chris Garneau algo de Sufjan Stevens, de Damien Rice que misturado com desespero da voz de Jeff Buckley, lhe enche a voz de cor e de tonalidades de por de sol. Há uma enorme força interior em Chris Garneau, e sendo este o seu primeiro disco posso (caso não passe completamente despercebido), antever um futuro bastante risonho… a ver vamos.

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Antonio Antunes
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2007/10/03
Eddie Vedder
Antes de mais, convém esclarecer que o disco a solo de Eddie Vedder pertence à banda sonora do filme Into The Wild, não estamos, portanto, perante uma obra a solo na verdadeira acepção da palavra, na medida em que o artista se vê obrigado a seguir a história que é a génese do filme.
Into The Wild retrata a história de um estudante, Christopher McCandless, que em 1990 decidiu cortar contacto com a sua família, doar o seu dinheiro a obras de caridade e encetar uma viagem através dos Estados Unidos da América até às paisagens remotas do Alaska.
Em traços gerais, é este o guião que inspirou o trabalho musical de Eddie Vedder, apesar de curto (cerca de 33 m), despojado, à semelhança da jornada de Christopher McCandless, o disco explora com sucesso o sentimento inerente a esta viagem. Sendo responsável pela quase totalidade dos instrumentos tocados no disco, Eddie Vedder embarca numa jornada musical na qual demonstra alguns aspectos menos conhecidos da sua música, muito embora outros já se encontrem presentes em temas dos Pearl Jam nos quais a sua influência criativa é mais predominante.
Atendendo às restrições do argumento, o resultado final é positivo, são vários os momentos inspirados nesta banda sonora, muito embora alguns pequem por serem demasiado curtos, desde logo “Setting Forth” que concebe o ambiente para o início da história, “No Ceiling” que retrata a opção do protagonista, “Rise” dominado pelo ukelele que Vedder tanto aprecia, a rudeza de “Long Nights”, a simplicidade de “Tuolumne”, a riqueza do universo folk em “Hard Sun”, o elementar “The Wolf” e finalmente, aquele que é o momento mais inspirado do disco, “End Of The Road” tocante na sua essência agridoce.
Não nos parece que Eddie Vedder vá embarcar numa carreira a solo num futuro próximo, contudo é sempre interessante ouvir a sua música fora do circuito que lhe é tão natural, só lamento ter a oportunidade de ouvir este disco sem poder assistir ao filme, por forma a verificar a adequação da obra musical à obra visual.
Momento Mágico: End Of The Road
Eddie Vedder - Into The Wild - OST (2007)

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Carlos S. Silva
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2007/09/30
Lightning Dust
Sedução
Por vezes os projectos principais estão predestinados a transformarem-se na sombra de originais e grandiosos projectos paralelos. Oriundos de membros quiçá mais profícuos, acabam por perdurar e sobrepor-se àqueles. Assim é com este duo canadiano formado por Amber Webber e Joshua Wells saídos dos Black Mountain.
Lightning Dust é sadcore nos ambientes que ocupa e folk na base da melodia.
A primeira nota de abertura deste disco abre o pano de um cenário onde a peça apenas se vai desenrolar na nossa mente. As cenas seremos nós que as criaremos a partir do fluxo sensorial que Lightning Dust nos proporcionará durante uma viagem de pouco mais de trinta minutos.
Sonoridades sombrias colhidas na instrumentalização acústica de Wells, são preenchidas por tons âmbar da voz de Webber.
Todas as cenas são possíveis desde que iluminadas por fogo-fátuo. Soberbamente introspectivo e algo fantasmagórico, Lightning Dust embala em “Castles and Caves” e aterroriza em “Breath”. Um cavalinho de carrossel surge colorido em “Wind Me Up”, enquanto em “Jump In” as vozes de Wells e Webber literal e animadamente valsam para um piano carente de uma orquestra.
Pode ser deslumbrante ou misterioso, mas Lightning Dust seguramente seduzirá a quem ouvir.
Momento Mágico: Listened On
Lightning Dust - Lightning Dust (2007) - Jagjaguwar
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Edgar J. Domingues
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2007/09/26
Map Of Africa
Eclético q.b.
Precisei de apoio (net) para escrever este texto, até porque foi ao inicio acreditar que todo o disco foi composto e produzido por um DJ. Não tenho a mínima intenção de diminuir as capacidades dos DJ’s, mas apenas constatar que este disco não soa aquilo que deveria soar.
É uma autêntica supresa que um tal de Harvey (DJ de nome artístico) tenha conseguido criar este disco, não o fez sozinho, o outro elemento dos Map Of Africa dá pelo nome de Bullock, ajudou na obra.
Juntos formaram os Map Of Africa e o resultado é altamente contagiante para um amante de rock e consegue esse objectivo logo nas primeiras audições.
Durante as muitas pesquisas, descobri que DJ Harvey é um DJ dos sete costados, um homem sobredotado a passar discos, com uma capacidade de por a rodar nos pratos tudo o que lhe aparecer à frente. Para Harvey não há limites, tudo é passível de integrar uma set list.
O resultado dessa enorme abertura de espírito, está à vista, um disco repleto de reflexos pop-rock, onde nomes com Springsteen (havendo alguma semelhança vocal) ou bandas com ZZ Top, passeiam em grande estilo e onde o post-punk e o krautrock andam de mãos dadas.
Harvey e Bullock são genais, “Bones” e “Smake Fingers” são puro rock, “Here Comes The Heads” é um mergulho num qualquer lago do interior americano, “Gone Ride” são as 500 milhas de Indianapolis, “Map Of Africa” é um convite Portishediano, um fim de tarde em Bristol, “Plastic Surgery” é um desacerto mental, é pura mutação, como ele afirma: “I was to be a person, but i turn into a version of my plastic surgery…”
Map Of Africa é o disco eclético do ano, sem qualquer espécie de duvida.
Momento Mágico: Plastic Surgery
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Antonio Antunes
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2007/09/22
Mick Harvey
O multi-instrumentalista australiano Mick Harvey, é provavelmente mais popular pela sua participação nos Bad Seeds, nos quais foi guitarrista e baterista. Com Nick Cave (que conheceu na escola) formou ainda os The Boys Next Door e os Birthday Party no final da década de 70.
Após uma longa carreira nos Bad Seeds, inicia uma carreira a solo com dois álbuns tributo a Serge Gainsbourg Intoxicated Man (1995) e Pink Elephants (1997). Neste seu quarto álbum a solo Two of Diamonds, Harvey tenta mais uma vez sair da sombra de Nick Cave, mas fá-lo recorrendo novamente a versões. Além de um par de originais, o disco reúne sobretudo canções dos “The Saints”, PJ Harvey, Mano Chao, Die Haut, Emmylou Harris, David McComb e Bill Withers.
No entanto, em cada um dos temas que pede emprestado, Harvey revela o seu virtuosismo nos arranjos de semblante baladeiro, emocionais e apaixonados. Não há semelhança entre o original e a versão, quer pela voz em tom rockeiro mas suave, quer pela languidez blues das composições. Por isso Harvey é um genuíno songwriter, o seu cunho pessoal transforma cada original num cover original no seu estilo próprio.
Two Of Diamonds são um punhado de momentos gentis para nos acompanhar durante uma solitária noite de penosas lembranças de erros do passado e amores perdidos.
Momento Mágico: No Doubt
Mick Harvey - Two Of Diamonds (2007) - EMI

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Edgar J. Domingues
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2007/09/18
E Já Passou Um Ano
No entanto a coisa foi ficando, com a colaboração de mais 3 amigos chegamos hoje ao fim do primeiro ano.
111 textos foram escritos. O amadorismo desde logo assumido não significa insensibilidade. Queremos ou tentamos mostrar a outros como nós, o que sentimos quando escutamos alguns dos muitos discos que por aí se fazem.
Posto isto resta-me como autor agradecer, ao Bruno pelas excelentes ideias gráficas e não só, ao Carlos pela sua escrita escorreita e legalmente bem composta e ao Edgar pela forma como desenha sentimentos com palavras.
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Antonio Antunes
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2007/09/15
Editors
Quando o disco de estreia atinge um determinado nível de aceitação comercial e crítica, o dilema inerente à edição do segundo disco é real e não constitui novidade para ninguém. Com The Back Room os Editors conseguiram combinar o reconhecimento comercial e o da crítica, pelo que a expectativa, em relação ao seu sucessor, era grande. An End Has A Start confirma a enorme qualidade da banda e transpõe, com todo o mérito, esse difícil obstáculo.
Sem renegar as suas origens musicais e a influência notória de bandas como os Joy Division e Echo & The Bunnymen, os Editors refinam a sua receita musical e aos já característicos riffs de baixo, guitarras sincopadas e à voz profunda e emocional de Tom Smith acrescentam doses q.b. de optimismo, afectuosidade e esperança, elementos inesperados que potenciam a grandiosidade da sua música. O resultado final é uma atmosfera menos ansiosa, por vezes agridoce, em que se consegue vislumbrar um raio de luz no meio da mais profunda escuridão.
Faixas como “Bones", “Smokers At the Hospital Doors” e “When Anger Shows” são excelentes exemplos desta nova atitude, com efeito, a utilização de sintetizadores confere-lhes uma dimensão épica, que pode elevar a banda a novos patamares de reconhecimento.
Outras canções, como “Push Your Head Towards the Air” e “Well Worn Hand”, arquitectadas em torno de um binómio piano/voz, são grandes na sua simplicidade e sinceridade, cativando à primeira audição.
Só resta acrescentar que se todo o fim tem um começo, espero ansiosamente pelo início do próximo capítulo na história da banda de Birmingham.
Momento Mágico: An End Has A Start
Editors - An End Has A Start (2007) - Fader Label

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Carlos S. Silva
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2007/09/11
120 days
A convergência musical de muitas bandas, é criada muitas vezes, de uma forma subtil e repleta de truques (leia-se, produção feita em estúdio).
Os Noruegueses 120 days são um pouco assim, soam a milhentas coisas diferentes, podem parecer uns Spiritualized, abusam da distorção como os Jesus & Mary Chain, usam o mesmo efeito construtivo ou desconstrutivo (como cada um queira) de uns Suicide ou então são indolentes como uns Black Rebel Motorcycle Club.
120 days, é uma daquelas bandas que deveriam soar a cru, em que muito do som devia ser mais primitivo e mais básico, só que estas novas modernices e estes novos actos de laboratório, já muito raramente deixam o som sair puro. Hoje as mãos dos produtores - engenheiros de som, transformam e acrescentam novas sonoridades. Já não há lugar para espaços mortos, vazios, todo o espaço é ocupado e trabalhado com uma perfeição irrepreensível, tudo é primoroso e sem arestas.
Há pequenos passeios lunares em "Keep On Smiling", há perfeito pop-rock em "Be Mine", há divagações pelas frias e secas paisagens escadinavas "Sleepwalking" ou mesmo electrónica freak em "Sleepless Nights".
120 days é um disco de rock nostálgico, perfeito consoante o nosso estado de espírito ou a luminosidade do dia, não é arrebatador mas é bom companheiro.

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Antonio Antunes
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2007/09/07
Electrelane
Um amigo meu chama-lhes: as “Senhoras Donas Gajas”. Realmente são Grandes estas fêmeas, chegam-nos de Brighton, Inglaterra, e dizem, por aí, que são lésbicas (não é que isso tenha algum mal!).
Neste Verão Paredes de Coura recebeu-as em glória (eu estava lá!) e elas corresponderam com aquele que para mim foi o melhor concerto do Festival. Na última Primavera já havíamos arrecadado o seu quarto álbum de originais No Shouts No Calls. Muito na linha do anterior, o Power Out de 2003 (onde o tema "On Parade” é o grande single) voltam novamente ao instrumental desorganizadamente organizado e vocalizações deliberadamente desafinadas.
É rock experimental elegante e sofisticado. Que encanta na simplicidade de abordagem musical, quase amadora. São mulheres mas não complicam, tocam com paixão e confiança, até são românticas. Riffs de guitarra, bateria musculada e um imparável órgão assinalam momentos harmónicos verdadeiramente enfáticos.
Hoje em dia o que não falta por aí são bandas da cena indie-rock e pós-rock, mas reconheço que durante este ano as quem mais me impressionaram foram as formações femininas, de que são exemplo as Au Revoir Simone, The Client e agora as eléctricas Electrelane.
Como tenho dito, “é um disco de se lhe tirar o chapéu”. Elas merecem essa cortesia.
Momento Mágico: To The East
Electrelane - No Shouts No Calls (2007) - Too Pure / Beggars

Texto de Edgar Domingues
OUTRO PENSO por António Antunes
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Antonio Antunes
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2007/09/04
Collective Soul
Novo Fôlego
Se em determinada fase da sua carreira atravessaram tempos conturbados a nível de criação musical, como se pode comprovar em Blender o disco menos conseguido da sua discografia, os Collective Soul regressam em 2007 à “boa forma” com a edição de Afterwards, um disco coeso e enérgico que confirma os bons indicadores dados pelo antecessor Youth, e afastam, definitivamente, as dúvidas existentes acerca do futuro da banda.
A faixa de abertura "New Vibration", assente num poderoso riff de guitarra é a pedra de toque para um bom disco. Em Afterwards impera o rock, muitas vezes melódico, e canções como What Can I Give You, All That I Know, I Don’t Need Anymore Friends, Hollywood (single de apresentação) e Persuasion Of You confirmam uma banda com confiança renovada. Se a estes temas associarmos os momentos mais calmos e introspectivos como Bearing Witness, Good Morning After All, Georgia Girl e Adored, outra das suas imagens de marca, o resultado final é um disco que não desiludirá os fãs e confirma Ed Roland como um songwriter de excelência.
Collective Soul - Afterwards (2007) - Handleman Entertainment

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Carlos S. Silva
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2007/09/01
Black Moth Super Rainbow
Musicos do Arco-Iris
Electro minimal, psychadelic-pop, abuso de vocoder, visitas e encontros imediatos do 3º grau, se bem que aqui não surge um qualquer ET, mas sim figuras de estranhos contornos, algo entre fantasmas e figuras presentes, verdadeiras criaturas do limbo, personagens com corpo de Tangerine Dream ou Pink Floyd (em principio de carreira), cruzados com Air e com Boards Of Canadá ou seja uma perfeita criação de psych-rock perfeitamente contemporâneo.
Dandelion Gum é um disco acústico, cheio de ondulações orgânicas, onde a presença do LSD e do tetrahidrocanabinol é necessário para o arco-iris ter muito mais do que sete cores, de outra forma correríamos o risco de o ver a preto e branco.
A paleta multicolor dos Black Moth Super Rainbow é muito mais colorida que um arco-iris, é de facto um super arco-iris…
Momento Mágico: Melt Me
Black Moth Super Rainbow – Dandelion Gum (2007) - Graveface

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Antonio Antunes
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2007/08/27
The White Stripes
Super-Heróis?
O novo álbum de The White Stripes era aguardado com uma enorme expectativa. E deste ambíguo duo, irmão/irmã, ex-marido/ex-mulher – ou qualquer outra teoria da conspiração que se queira criar – seja o que for que dali resulte, está à vista de todos: eles são muito mais um, do que dois. Basta ouvir o resultado, a ligação musical entre a guitarra e a bateria é primorosa e a atitude prolonga-se ao longo de 13 temas perfeitamente equilibrados, fazendo jus a um passado recente, inovando mas sem sair da linha condutora, a que já habituaram a sua enorme legião de fãs.
Icky Thump faz a vontade a todos, é um pujante disco de classic rock (o quanto mal isto soa), onde o Blues-Rock cruza a velocidades sónicas com Garage-Rock.
Momento Mágico: Conquest
The White Stripes - Icky Thump (2007)

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Edgar J. Domingues
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